quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Como me tornei estúpido

Quando li o título desse livro logo achei interessante. E durante a história fui vendo que ele pode não ser bem um romance, mas sim, quase um documentário literário. Isso porque a cada página lembrava de alguém que faz ou já fez parte da minha vida e fui fazendo essa identificação com as pessoas que me rodeiam.

Page conta a história de Antoine. Jovem de 25 anos, bem formado e, principalmente, um mega intelectual. Além disso - ou até por causa disso - é contra toda a política mundial, o capitalismo e todos esses valores que para ele são futeis e insignificantes. Algo que até então alguns podem achar muito interessante. Mas para Antoine isso se tornou um tormento.

De tanto pensar, ele começa a questionar sua própria inteligência. Ele passa a considerar a inteligência uma "doença social". E suas teorias são interessantes e bem lógicas a respeito disso.

Antoine passa a perceber que na verdade, quando se chega num patamar de conhecimento e inteligência, as pessoas ao seu redor passam a não ter tanta importância, já que elas não têm seu nível intelectual e cultural, e consequentemente, não têm papo e nenhum assunto que o interesse. Dessa forma, o intelectual passa a se afastar um pouco do convívio social. E não só por vontade própria. As próprias pessoas passam a se afastar dele, a excluí-lo, já que não há nenhum identificação. E quando ele se convence disso, se encontra com uns amigos para comunicá-los que resolveu se tornar um Estúpido.

Dessa forma, o personagem dessa história peculiar começa a perceber que ser inteligente só leva a solidão e e exclusão social, tanto que ele sofre de depressão. Percebe também que a vida como estúpido pode ser muito mais fácil e tranquila, já que essas pessoas não se preocupam e nem têm consciência sobre o mundo ao redor. É aí que ele passa a procurar grupos que o façam se integrar a sociedade e onde começa toda a sua história.

Assim ele tenta de tudo. Decide virar alcoólatra, e passa a frequentar os Alcoólatras Anônimos (AA); e num momento de desespero, acha melhor acabar com sua própria vida e entra num curso de suicídas... Mas nenhumas das tentativas dão certo, já que ele logo quer pesquisar a respeito das bebidas, analisar e compreender melhor essas questões. Uma tentativa furada.

Num determinado momento do livro, o personagem tem um pensamento que explica a lógica que o levou a querer se tornar mais um estúpido no mundo:

"Quando alguém constata que é um dos poucos que observam princípios morais nas relações humanas, pode ser tentado a cair na imoralidade, não por convicção nem por prazer, mas simplesmente para deixar de sofrer, pois não há maior dor que ser um anjo no inferno, um anjo cercado de diabos por todos os lados". (pg. 108)

Para ele, se integrar a sociedade, e se enquadrar no moldes ditados no mundo pode ser uma forma muito mais fácil e menos dolorosa de viver a vida. E vê que em algum momento as pessoas se rendem à isso independente de seus valores. É a tentiva de sobrevivência!

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

O Amor nos Tempos do Cólera

O amor! Sim, esse é o tema central do livro. Muito além de um simples romance, em que a mocinha ama o mocinho a vida inteira e muitas vezes o final não os deixa juntos. O Amor...é o inverso.

Um homem ama uma mulher por mais de 50 anos. Todo o sofrimento, a dor, a felicidade de apenas olhá-la, mesmo que de longe, alimenta o coração e alma de Florentina Ariza, um dos personagens centrais da história. Nunca houve um beijo ou um abraço, apenas lembranças de uma vida não vivida, do amor por palavras, através de cartas, que ele correspondia com sua amada, Fermina Daza.

Florentino conhece Fermina quando essa ainda era adolescente. Recém chegada a cidade, Fermina vive com seu pai e sua tia, quem a cria, já que é órfã de mãe. Florentino se apaixona pelas tranças de Fermina. Essa, sem nunca tê-lo visto de perto, se apaixona pelas suas cartas. Florentino também marcava horários para ficar na pracinha em frente a casa da amada, para admirá-la de longe.

Depois de uma longa viagem, que durou alguns anos, Fermina volta e por acaso se encontra com Florentino, de quem toma repulsa e foge no meio da multidão. Doente, ela conhece Juvenal Urbino, jovem médico da cidade, com quem se casa e tem dois filhos.

Interessantes são várias formas de amor narradas por Gabriel, que acaba se tornando na verdade um triângulo amoroso. Apesar de Urbino e Fermina não serem apaixonados um pelo outro quando se casaram, durante os anos foi crescendo um relação de cumplicidade e respeito. Um amor de forma diferente, em que um completava o outro de alguma forma.

O livro inteiro retrata essas duas formas de amor. A que tem esperança por aquele que não se é correspondido e o amor cultivado pela convivência e cumplicidade.

Uma história que apresenta o AMOR sentido de várias maneiras.