terça-feira, 22 de junho de 2010

Risco

Se o simples fato de viver é um risco, porque temos tanto medo de arriscar na vida? Parece contraditório né?! Mas é! E é assim que muitas pessoas vivem. Esquecem que coisas banais, com andar na rua, já são um risco. Respirar é um risco, visto que o ar não é tão puro há alguns anos e o mesmo se dá com a água e com várias outras coisas do cotidiano. Então, porque temos medo de arrisca algumas coisas e outras não? Existem situações em que corremos risco, mas não paramos para pensar nisso, porque são automáticas. Por que não deixar que outras coisas também aconteçam automaticamente? Trocar de emprego, por exemplo. Sair da cidade de origem e tentar a vida em outro lugar. Viver um grande amor. Sei lá. Parece que algumas coisas nos afetam mais do que outras caso dêem errado. Essa é a impressão. E como viver assim? No final de tudo, viver é andar no escuro. Cada passo que damos, para sentir o chão firme novamente, é uma luta constante para nos certificarmos de que a terra será segura quando o pé encostar. E mesmo assim andamos. Ou não? Então quem não arrisca está parado? Com medo de dar o passo no escuro? Ou espera que acendam as luzes? Sim. Acho que sim. Porque com certeza tudo seria muito mais fácil. Mas o que fazer? Esperar sentado tudo isso ou ter a coragem de andar mesmo sem saber onde vai dar? Ou melhor: esperar que no escuro surja uma mão que irá segurá-lo e o levará ao caminho certo. Bengala. É isso que se chama. A bengala simboliza a falsa segurança. Ela pode aparecer sim e a qualquer momento, para que  alguém se apoie nela. Mas esquecem que essa também é um risco. Pois dependendo do peso que se joga, ela pode quebrar a qualquer momento. Ou derrapar pelo meio do caminho.


*imagem - kurt halsey frederiksen

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Onde??

Onde nos perdemos? Questionamos a personalidade masculina, suas ações e a forma como nos tratavam perante a sociedade. E onde chegamos? Não consigo ver. Não há novidades nesse caminho. Penso que, ao invés de procurarmos direitos no sentido de direitos humanos, procuramos todo esse tempo, direitos iguais. E iguais a quem? Aos homens. Porque é nossa única referência enquanto sujeito, ser humano. E aí que está o erro. Nós, mulheres, temos que ter direitos sim. Direitos como qualquer outro. Mas o que acontece, que tenho percebido, é que nessa onda dos direitos iguais (aos dos homens, porque é isso mesmo) as mulheres se perderam, copiando as mesmas atitudes. Se tratando de atitudes positivas, ok! Mas se podemos pegar o melhor das pessoas, por que pegarmos o pior? Mulheres agindo da mesma forma mal caráter que julgávamos ser atitude de homens, que são "cafagestes". Minha peregrinação por essa vida de loucura, mundana, me apresentou várias coisas. Inclusive que não existe caráter masculino ou feminino. São pessoas. E é estranho. Por que as mulheres falam mal dos homens, criticam, e continuam com eles? Ou são mazoquistas ou exageram no que falam ou eles não são tudo isso. Não na forma generalizada. Porque alguns sim amam, fazem bem ao outro, têm bom coração...como há mulheres terrivelmente perversas. E disso sim...disso eu tenho provas!


*imagem - kurt halsey frederiksen

terça-feira, 15 de junho de 2010

O que nos resta?

O que anda acontecendo com as pessoas? Olho para os lados e vejo poucos os que se realizam. Ouço gritos de desespero, medo e sofrimento. Uma vida que parece não começar nunca. Mas ainda? Como? Quando é que a vida realmente começa então? Não é quando abrimos os olhos e vimos uma luz depois de nove meses na escuridão? Percebo que não! É como se todos simplesmente fossem expelidos e pronto! Nada mais acontece. Tudo é mecânico. Aprender a andar, falar, ler. E os sonhos? Quando aparecem em nossa mente? É aí...o grande dilema começa aí: com os sonhos. Quando começamos a sonhar é como se surgisse um "que" de sentido e pra lá nós vamos. Mas nem sempre dá certo. Nem sempre dá errado. Tudo depende, sempre. Se somos movidos a sonhos, o que acontece se eles não se realizarem? Sofre. Até quando? Não sei...Talvez até o momento em que sonhamos outra coisa. E assim vai. Então a vida é um amontoado de sonhos a serem conquistados e ressonhados? Pode ser que sim...Pode ser que não. E se não sonhamos? O que nos resta?
*imagem - kurt halsey frederiksen

domingo, 13 de junho de 2010

Não tente me enganar
Vejo em seu olhar que já não existe
Aquele mesmo amor que nunca esperou
Acabar tão triste.

Não tente me dizer palavras que eu
Já não acredito
Eu posso compreender o que restou de um amor
Que foi tão bonito.

Eu fiz daquele amor o meu sonho maior
Minha razão de tudo
Foi pouco o que restou
De tanto que existiu
Recordações e nada mais.

Não, não vá me dizer palavras que venham
Me fazer chorar depois
Eu sei que vou viver
Por muito tempo ainda
Das lembranças de nós dois.



Palavras, Zeca Baleiro

Fim de Caso

Desde a primeira vez em que assisti Fim de Caso, de Neil Jordan, me apaixonei. E todas as vezes que revejo é a mesma emoção. Apesar de ser uma história de amor baseada no adultério, mostra as várias formas de se amar ou ter carinho por alguém, além de abordar com sutileza a fé em Deus. Filme altamente poético!

Sarah (Julianne Moore) é casada com Henry Miles (Stephen Rea) há anos, com quem mantém um casamento estável, mas não de paixão. Até que conhece o novelista Maurice Bendrix (Ralph Fiennes), por quem se apaixona e passa a ter um tórrido romance. No entanto, sem muita explicação, Sarah termina o caso com Maurice. 

O filme se passa na década de 40, em plena segunda guerra, dando um ar intenso e sensível a história. Sem contar com a beleza e o charme de sempre de Julianne Moore, com uma personagem de voz suave, de ar tímido e doce.


Trecho
Sarah: O amor não acaba só porque não nos vemos.
Maurice: Não?
Sarah: As pessoas amam a Deus a vida toda, sem vê-lo.
Maurice: Não é o meu tipo de amor.
Sarah: Talvez não haja outro tipo.

CuriosidadeO filme é baseado numa história real, ocorrida entre o escritor Graham Greene e seu romance adúltero com Catherine Waltson, mais tarde transformado em livro pelo próprio Graham Greene. (Fonte: adorocinema.com.br)

Eloïse

Lindo, singelo e delicado! Assim é Eloïse, de Jesús Garay, sobre a homossexualidade feminina. O filme conta a história de Asia (Diana Gómez), jovem de 18 anos, que nunca teve voz forte e sempre seguiu o fluxo da vida, sem muitos questionamentos, mesmo se sentindo infeliz, de certa forma. Com uma mãe autoritária, Asia faz faculdade de arquitetura, onde começa a namorar Nathaniel (Bernat Saumell), apaixonado por ela. 

No entanto, ao conhecer Eloïse (Ariadna Cabrol), Asia começa a ter contato com um novo mundo, com a arte e um outro olhar sobre vida. Começa a ver que há outros caminhos a serem seguidos e que não existe uma realidade única. 

Essa descoberta e toda a dúvida angustiante de se deparar com uma nova possibilidade de paixão são visivelmente sentidas nas emoções de Asia durante todo filme. 

Vale a pena conferir!

quinta-feira, 10 de junho de 2010

A solidão é meu cigarro
Não sei de nada e não sou de ninguém
Eu entro no meu carro e corro
Corro demais só pra te ver, meu bem

Um vinho, um travo amargo e morro
Eu sigo só porque é o que me convém
Minha canção é meu socorro
Se o mar virar sertão, o que é que tem?

Dias vão, dias vêm, uns em vão, outros nem
Quem saberá a cura do meu coração se não eu?
Não creio em santos e poetas
Perguntei tanto e ninguém nunca respondeu
Melhor é dar razão a quem perdoa
Melhor é dar perdão a quem perdeu

O amor é pedra no abismo
A meio-passo entre o mal e o bem
Com meus botões à noite cismo
Pra que os trilhos, se não passa o trem?

Os mortos sabem mais que os vivos
Sabem o gosto que a morte tem
Pra rir tem todos os motivos
Os seus segredos vão contar a quem?

Dias vão, dias vêm, uns em vão, outros nem
Quem saberá a cura do meu coração se não eu?
Não creio em santos e poetas
Perguntei tanto e ninguém nunca respondeu
Melhor é dar razão a quem perdoa
Melhor é dar perdão a quem perdeu

Não creio em santos e poetas
Perguntei tanto e ninguém nunca respondeu
Melhor é dar razão a quem perdoa
Melhor é dar perdão a quem perdeu



Cigarro, Zeca Baleiro

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Será?

Acompanho bastante a coluna do jornalista Luiz Caversan no site da Folha de São Paulo. Textos tocantes e reais. De problemas, sentimentos e emoções que podem ser encontrados em cada esquina, em cada indivíduo. O texto da última postagem da coluna de Caversan parecia escrita para mim e todos os cidadãos que fazem a mesma pergunta neste mundo: "É impossível ser feliz sozinho?". Então aproveitem:




Por que tanto medo?
Você nasceu sozinho e sozinho baixará à sepultura, não tem jeito...
Por que tanta aflição?
Aquela história de que é impossível ser feliz sozinho foi criada apenas para solucionar o verso daquele cantor, como é mesmo o nome dele?
Está triste? Passa. Até uva passa...
Dói? Dói muito, a dor que deveras sente, porque dor de coração dói na alma, no braço, no calcanhar, no queixo, dói tudo e mais um pouco, porque a dor da alma de verdade é aquela que você cultivou para ser a não-dor, para ser o não-fim, para ser a lindeza de um amor tranquilo, e quando desaba, sai debaixo...
Mas por que tanto desespero?
O vazio do peito cresce e abarca, entope de tanta ausência?
Fazer o quê, meu caro, se o amor que tu me tinhas era pouco e se acabou, não é?
Não?
Tem dúvidas?
E qual o amor que não resta dúvidas, qual o fim que deixa certezas, qual a vida que prescinde da morte e vice versa?
Olha, vai lá, sai pra rua, deixa pra trás essa poeira que, é bom que você saiba, nunca vai assentar, viu?
Levanta e anda, porque a paralisia só faz a dor doer ainda mais.
Corre, grita, arfa, xinga, morde e engole.
Pense em todas as besteiras que puder pensar, surte todos os surtos e suba e desça, encolha até virar uma fatia fininha de sentimento algum.
Porque a dor que deveras sente é a pior, meu amigo, a que mais dói.
A dor de quem fica enquanto o outro vai.
Ou dor de quem vai enquanto o outro fica.
Tanto faz.