sábado, 21 de junho de 2008

Sentidos

Esses dias descobri que o ar tem cheiro...e que a sensação de liberdade e leveza realmente são possíveis de se sentir. São palpáveis...

domingo, 8 de junho de 2008

Notas sobre um escândalo (Notas sobre uma mulher má)

O quanto poderá existir de furioso no ser humano?

O amargo da vida, o descaso com o seu próximo, o cinismo e a pior de todas as companheiras, neste caso, a corrosiva solidão é o que nos dá Bárbara Covett, personagem implacável de Judy Dench em interpretação memorável,

Produção de 2006, dirigido por Richard Eyre, “Notas sobre um escândalo” conta a historia de duas professoras de uma escola pública em Londres, onde a novata Sheba Hart vai dar aula de arte e conhece a veterana Bárbara Covett.

Sheba tem uma vida bastante convencional, casada com um homem mais velho, tem dois filhos (um deles portador de síndrome de down). Em resumo, Sheba resolve fazer algo diferente, ou “fazer a diferença” como diria Bárbara para alterar a rotina de sua vida morna e sem emoção. E na escola vai se deixar envolver por um adolescente de 15 anos, um pecado imperdoável para grande maioria das pessoas. Sheba em sua transgressão trai o marido, trai os filhos e trai a moral praticando a pedofilia.

Bárbara, que já nutria uma paixão fulminante pela amiga, considera este segredo uma chance cega e incoerente de trazer o objeto do seu desejo só para si. É dentro desta situação que Bárbara começa a tecer sua teia de violência psicológica contra Sheba que aos pouco se deixa dominar.

“Notas sobre um escândalo” é um filme que trata de maldade, do horror de envelhecer só e sem quaisquer perspectivas. As duas personagens são trituradas por seus pecados íntimos. É um filme de ator, para ator brilhar e o diretor cuida disto muito bem. Judy Dench e Cate Blanchett esgrimam em cena por 92 minutos em atuações decisivas e exemplares, não tinham como errar.

Apesar da extrema e inquestionável presença de Cate Blanchett, Judy Dench brilha como Bárbara Covett, a professora homossexual solitária, ácida e reprimida que destila o seu veneno como uma metralhadora giratória e rabisca o seu diário todas as noites, pontuando seus comentários com brilhantes estrelinhas.

Há tempos alguém disse uma frase de efeito, com as devidas adaptações vou copiar: - Quando Judy Dench representa um bom personagem, ela é realmente, muito boa, mas quando encontra um personagem do quilate de Bárbara Covett, ela é muito melhor.

Eu recomendo para quem ainda não o assistiu e para quem já o assistiu por que não rever o trabalho irrepreensível de duas atrizes brilhantes.

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Texto de meu amigo José Mauro Mesquita, colaborador do site do Festival Rec, de vídeos universitários.

quarta-feira, 4 de junho de 2008

A velha infância

Acabei de ler uma resenha do livro O verão de Chibo, de Vanessa Barbara e Emílio Fraia, escrita por Eduardo Sterzi, na revista Cult de junho.

O tema presente é a infância. Ou melhor, a perda dela. E fiquei pensando várias coisas a respeito disso. Principalmente depois de ler a parte da matéria que diz:

" O fim da infância pode ser tão 'cruel' quanto o fim do verão, ' e fazemos questão de esquecer e de pensar que talvez fosse possível enganar o tempo, alongar o verão pra mais tarde e não dormir'".

Realmente é muito dolorosa a perda da infância, fase em que tudo no mundo é lindo; a vida é linda; os pais são as pessoas mais inteligentes e perfeitas; amamos nossos amiguinhos, que serão pra toda a vida; Papai Noel traz presente porque somos bons, enfim...

De repente, num momento inesperado, começamos a ver sombras onde antes era apenas luz, preto e branco, onde era colorido. As coisas passam a ter outro peso, outro gosto, outro cheiro, outras sensações... E esse processo é muito triste. A gente não consegue compreender o que está acontecendo. Parece que tudo foi tão de repente...

Que nada! Tudo mudou no tempo certo, na hora certa, independente do motivo e do momento. E só nos resta caminhar e aos poucos ir se familiarizando com essa mudança dura, temerosa e estranha.

Coelhinho da Páscoa...o que trazes pra mim?