domingo, 8 de junho de 2008

Notas sobre um escândalo (Notas sobre uma mulher má)

O quanto poderá existir de furioso no ser humano?

O amargo da vida, o descaso com o seu próximo, o cinismo e a pior de todas as companheiras, neste caso, a corrosiva solidão é o que nos dá Bárbara Covett, personagem implacável de Judy Dench em interpretação memorável,

Produção de 2006, dirigido por Richard Eyre, “Notas sobre um escândalo” conta a historia de duas professoras de uma escola pública em Londres, onde a novata Sheba Hart vai dar aula de arte e conhece a veterana Bárbara Covett.

Sheba tem uma vida bastante convencional, casada com um homem mais velho, tem dois filhos (um deles portador de síndrome de down). Em resumo, Sheba resolve fazer algo diferente, ou “fazer a diferença” como diria Bárbara para alterar a rotina de sua vida morna e sem emoção. E na escola vai se deixar envolver por um adolescente de 15 anos, um pecado imperdoável para grande maioria das pessoas. Sheba em sua transgressão trai o marido, trai os filhos e trai a moral praticando a pedofilia.

Bárbara, que já nutria uma paixão fulminante pela amiga, considera este segredo uma chance cega e incoerente de trazer o objeto do seu desejo só para si. É dentro desta situação que Bárbara começa a tecer sua teia de violência psicológica contra Sheba que aos pouco se deixa dominar.

“Notas sobre um escândalo” é um filme que trata de maldade, do horror de envelhecer só e sem quaisquer perspectivas. As duas personagens são trituradas por seus pecados íntimos. É um filme de ator, para ator brilhar e o diretor cuida disto muito bem. Judy Dench e Cate Blanchett esgrimam em cena por 92 minutos em atuações decisivas e exemplares, não tinham como errar.

Apesar da extrema e inquestionável presença de Cate Blanchett, Judy Dench brilha como Bárbara Covett, a professora homossexual solitária, ácida e reprimida que destila o seu veneno como uma metralhadora giratória e rabisca o seu diário todas as noites, pontuando seus comentários com brilhantes estrelinhas.

Há tempos alguém disse uma frase de efeito, com as devidas adaptações vou copiar: - Quando Judy Dench representa um bom personagem, ela é realmente, muito boa, mas quando encontra um personagem do quilate de Bárbara Covett, ela é muito melhor.

Eu recomendo para quem ainda não o assistiu e para quem já o assistiu por que não rever o trabalho irrepreensível de duas atrizes brilhantes.

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Texto de meu amigo José Mauro Mesquita, colaborador do site do Festival Rec, de vídeos universitários.

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